Em uma reviravolta jurídica, o Flamengo enfrentou uma derrota significativa na Justiça do Trabalho nesta quinta-feira, dia 3 de julho. O ex-segurança do clube, Benedito Ferreira, de 46 anos, que desempenhou um papel crucial no resgate das vítimas do trágico incêndio no Ninho do Urubu em fevereiro de 2019, obteve uma vitória em primeira instância. O episódio do incêndio marcou profundamente a história do clube, resultando na perda de dez jovens atletas da base.
De acordo com informações divulgadas pelo portal "ge", a decisão judicial estipulou que Ferreira deverá receber uma compensação de R$ 100 mil por danos morais e R$ 500 mil por danos materiais, além de uma pensão vitalícia até os 78 anos. Ademais, foi determinado que o Flamengo terá o prazo de até cinco dias para reintegrá-lo ao quadro de funcionários, sob pena de multa.
A sentença vem após Ferreira relatar que foi demitido de forma ilícita em 2022, tendo lutado com transtornos depressivos, de adaptação e de pânico, além de ideação suicida, condições estas agravadas pela experiência traumática no incêndio e comprovadamente relacionadas às suas funções ocupacionais no clube. Um laudo pericial corroborou a ligação direta entre os traumas vivenciados por Ferreira e suas atividades no Flamengo, sublinhando a origem ocupacional dos distúrbios psicológicos enfrentados.
Ferreira, que serviu ao Flamengo como segurança desde 2008, moveu duas ações judiciais contra o clube, evidenciando que o Flamengo não reconheceu a relação de seu afastamento com o trauma sofrido junto ao INSS, o que caracterizou negligência por parte da instituição esportiva.
A decisão judicial não apenas penaliza o Flamengo financeiramente, mas também destaca a incapacidade de Ferreira para retomar suas funções anteriores, evidenciando a gravidade do impacto psicológico sofrido pelo ex-funcionário. Esta sentença, portanto, busca não apenas reparar os danos no âmbito trabalhista, mas também aborda as consequências duradouras na saúde mental de Ferreira.
Enquanto o Flamengo detém a opção de recorrer da decisão, o caso reitera a importância da atenção aos direitos e ao bem-estar dos funcionários, bem como as responsabilidades dos clubes esportivos em situações de crise. A comunidade esportiva e os seguidores do clube permanecem atentos às repercussões deste julgamento e às medidas subsequentes que o Flamengo adotará.